Cap. 234
As vozes se atropelam dentro da cabeça de Augustus: “Vai fugir de novo?”, “Quando você volta?”, “Você é burro?”, “Vá, antes que alguém veja!”, “Você está dormindo?”
Essa última faz com que o delegado pisque sacudindo a cabeça e olhe num misto de susto e alívio para Cobra Traiçoeira sentado perto da fogueira e responda:
— Estou acordado.
— Você estava dormindo. – protesta Tex do outro lado da fogueira.
Cobra: — Você estava falando palavras sem sentido.
Augustus insiste: — Estava acordado! Apenas tentava lembrar uma canção antiga.
Tex: — Claro, a canção chamada “Eu não queria fazer isso”. Todo criminoso conhece e canta muito.
Augustus olha para Cobra que confirma: — Você disse isso várias vezes.
Tex: — Tudo bem dormir um pouco enquanto vigia, todos fazem isso, mas faça em silêncio.
— Eu estava acordado! – reafirma o delegado.
— É mesmo? – pergunta cinicamente Tex. — Então, por que você respondeu para o índio sendo que quem perguntou se você estava dormindo fui eu?
Sem resposta, uma olhada no relógio sadicamente aponta que ainda falta mais uma hora no turno de Augustus.
— Quer que eu fique em seu lugar? – pergunta Cobra.
Augustus, tentando também se convencer: — Eu estou bem. Podem dormir.
Cobra e Tex se entreolham, depois se ajeitam e voltam a ficar em silêncio.
A confusão serviu ao menos para deixar Augustus realmente desperto.
Por alguns momentos a cabana permanece no sossego possível, mas só até Tex voltar a importunar Augustus, sussurrando alto:
— Ei! Delegado desarmado?
— Eu estou acordado, diabos! – reclama Augustus.
Tex: — Não é isso. Eu só queria saber o que é que você não queria fazer, mas fez?
Augustus sente o sorriso de Tex, que não espera uma resposta, só queria aproveitar a oportunidade.
O delegado realmente não dirá a resposta ao sequestrador, mas ela o manterá acordado pelo resto de seu turno. Provavelmente, por mais algumas horas depois também.
Pelo menos isso serviu para que Tex dormisse melhor. Se é que ele está realmente dormindo.